Nasa lança sonda espacial para estudar atmosfera de Marte

Nave Maven foi lançada de Cabo Canaveral, Flórida, nesta segunda (18).
Missão 'barata' deve começar em 10 meses e avaliar mudanças climáticas.


A agência espacial americana (Nasa) lançou às 16h28 (horário de Brasília) desta segunda-feira (18), de Cabo Canaveral, na Flórida, a nave não tripulada Maven em direção a Marte. O objetivo da missão, que deve chegar ao planeta vermelho em setembro de 2014 e iniciar seus trabalhos dois meses depois, é investigar por que o planeta vermelho perdeu boa parte de sua atmosfera superior, composta há bilhões de anos por oceanos e lagos de água líquida, onde poderia ter existido alguma forma de vida.
A sonda Maven (sigla para Mars Atmosphere and Volatile Evolution) pesa 2,4 toneladas e está sendo transportada por um foguete Atlas V, da empresa United Launch Alliance. A sonda será posta na órbita do planeta vermelho para analisar as camadas da atmosfera e as interações com o Sol e os ventos solares que podem ter influenciado sua perda de gases, destacou a Nasa.
A separação entre a sonda e o segundo estágio do foguete Atlas deve ocorrer 52 minutos após o lançamento. Cerca de 15 minutos depois disso, a Maven desdobrará seus painéis solares.
A chegada da sonda a Marte pode ocorrer dois dias antes do pouso da sonda espacial Mars Orbiter, enviada pela Índia no dia 5. No entanto, os objetivos científicos das duas naves não se sobrepõem, afirmou David Mitchell, chefe de projeto da Maven. A sonda indiana irá em busca de metano, que poderia provar a existência de algum tipo de vida no passado do planeta, enquanto a americana buscará respostas sobre as mudanças climáticas que Marte sofreu ao longo de sua trajetória.
Missão de US$ 671 milhões
A missão da sonda Maven é a primeira da Nasa destinada a explorar a atmosfera superior de Marte, em vez de estudar sua superfície seca, destacou a Nasa. Essa é considerada uma viagem "barata", ao custo de US$ 671 milhões (R$ 1,5 bilhão) – contra US$ 2,5 bilhões (R$ 5,6 bilhões) gastos para lançar o robô Curiosity em agosto do ano passado, por exemplo.
"Quando a água líquida fluía em abundância em Marte – como demonstram muitos indícios –, o planeta devia ter uma atmosfera mais densa, que produzia gases de efeito estufa, permitindo que a região fosse mais quente", disse o chefe científico da missão, Bruce Jakosky, da Universidade do Colorado, durante uma coletiva de imprensa no domingo (17).
"Queremos compreender o que aconteceu, para onde foi a água e o CO2 que antes formavam uma atmosfera densa", acrescentou.
Com a Maven, "teremos uma compreensão da história de Marte e de seu potencial para a vida, sua habitabilidade, que depende principalmente da história da água e de seu clima".
Com a análise da dinâmica atual da atmosfera superior de Marte, será possível entender as mudanças no tempo do planeta e seus efeitos, acrescentou o cientista.
Para essa missão, a sonda conta com oito instrumentos e um total de nove sensores, incluindo um espectrômetro de massa para determinar as estruturas moleculares dos gases atmosféricos e um sensor Swea (Solar Wind Electron Analyzer), desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas de Astrofísica e Planetologia (Irap) de Toulouse, na França, para analisar os ventos solares em Marte.
Após sua inserção orbital e cinco semanas de calibragem dos instrumentos, a Maven entrará em uma órbita elíptica de 4h30, o que lhe permitirá fazer observações em todas as latitudes de todas as camadas da atmosfera superior do planeta, com altitude variável de 150 km a mais de 6 mil km.
Esta é a segunda missão do programa americano Scout, que consiste em uma série de pequenas viagens mais baratas para explorar Marte antes de uma missão tripulada, prevista para 2030, segundo planos da Nasa.

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