Esta cidade se chama Bahêêêa


Paulo Roberto Sampaio (Diretor de Redação)

O que é a paixão pelo futebol e por um time chamado Bahia senão o maior sentimento na vida de um povo... É possível que para alguns seja difícil entender esta quase devoção, mas para quem aprendeu ainda no berço, a balbuciar a palavra Bahia, ou melhor, Bahêêa, a amar esse time como se razão maior da vida fosse, não há nada que supere a intensidade deste amor. E quem foi a Pituaçu este sábado inesquecível ou se esgueirou por becos, ruelas ou qualquer pedacinho desta cidade, diante de uma TV ou mesmo um radinho de pilha, pôde testemunhar um pouco desse caso de amor, coroado pelos dois gols do artilheiro Adriano.

Desde cedo era possível sentir que este não era um sábado qualquer, mas se dúvida ainda existia sobre o significado dessa paixão chamada Bahia, experimente olhar à sua volta e veja que este será um domingo diferente. Que há mais sorrisos por todo canto. Alegria em cada rosto. Que bandeiras e camisetas tricolores estão a colorir esta cidade, este Estado e muitos e muitos cantos e recantos desse país, como se o azul, vermelho e branco fossem as cores únicas dessa terra. Tudo graças a eles, heróis de mais uma batalha feroz, guerreiros de toda uma jornada, capazes de se superar em casa e na casa do adversário, que se claudicaram no jogo contra o Brasiliense, despertaram para o verdadeiro significado de vestir a camisa do Bahia, se redimiram perante a nação tricolor e não hesitaram neste sábado em colocar o coração no bico da chuteira e deixar o suor escorrer pelo rosto e ensopar o manto sagrado que lhes cobre o corpo para conseguir mais esta vitória e a tão sonhada classificação para a série A.

A eles e a ela, a bola, personagem silenciosa desta história de lágrimas, emoção e uma explosão indescritível de alegria ao fim dos longos e sofridos 90 minutos. Redonda como a terra, como se dela filha única fosse, presente e disputada nos quatro continentes deste planeta, vigiada ontem por um alto dirigente da FIFAque em Pituaçu aportou. Bendita bola que escorreu para o fundo do gol da Portuguesa logo aos 4 minutos num toque perfeito de Adriano e 30 minutos depois mais uma vez, fazendo 2 a 0, para coroar uma noite rara e inesquecível para milhões de baianos. O capitão Nem ainda fez 3 a 0 no último minuto para coroar a festa tricolor.

Uma noite a sacramentar de vez uma velha história de amor. A colocar um ponto final numa seqüência de fracassos que se arrastou por mais de sete anos, onde chuteiras e muitas vezes canelas pouco habilidosas seguiam a maltratá-la, a tentar empurrá-la pra frente sem qualquer direção, a chutá-la a esmo para desespero de uma sofrida, mas fiel e fanática torcida tricolor, que órfã da velha Fonte e cigana a vagar por campos incertos, saia arrasada do estádio após cada fracasso, mas logo retomava a fé e a esperança na volta do velho Bahia, o eterno esquadrão de aço.

Mas afinal aconteceu. A lépida bola descobriu que a tocá-la para lá e para cá nesta memorável noite em Pituaçu estavam pés habilidosos, carinhosos e quase mágicos. Que os gritos vindos das arquibancadas simbolizavam a ânsia de toda uma nação a vê-la repousando no fundo das redes do adversário, guiada pela bravura de um time que soube se impor e mostrar porque merece voltar à elite do futebol brasileiro.

Era hora de esquecer o triste passado e relembrar tardes e noites memoráveis na velha e saudosa Fonte que embora tenha virado pó, será eterna para uma imensa legião de tricolores. Noite em que faltou o goleiro Fernando, ou melhor chamá-lo de São Fernando, abençoado, por certo, pela Santa Irmã Dulce, a realizar não um, mas vários milagres sob o arco do Bahia nesta longa caminhada de volta à serie A. Mas havia o goleiro Omar, abençoado por certo Pelas preces do padre Antonio Maria, que se emocionou com as imagens da torcida tricolor rezando a uma só voz um Pai Nosso no estádio e prometeu ser o novo tricolor.

E tudo testemunhado por uma nação. Uma intrépida nação que desfila orgulho no rosto e emoção ao falar desse time chamado Bahia. Que revela uma paixão tão intensa que é difícil crer que no mundo da bola haja outra igual. Maior, é impossível. A longa caminhada de volta à elite do futebol brasileiro foi tortuosa e sofrida, mas escrita em capítulos de marcante bravura. E o último deles escrito nesta noite inesquecível, a transpor os heróis dessa conquista, - Fernando, Omar, ananias, Arilton, Luisão, Alissson, Nem, Ávine, Fábio Bahia, Moraes, Marcone, Helder, Jael, Adriano, Ricardo Gral e tantos outros que dela também participaram - dos campos da vida para a história e para a memória de uma nação que hoje ri e chora de alegria e felicidade. Uma nação chamada Esporte Clube Bahia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem vindo hoje é

Distrito de Barra Avenida

Distrito de Barra Avenida
Nucleo CIPAM/UESB