Após embargo da P-33 por apresentar risco, próximos alvos são P-25, P-31,P-32 e P-35
O Estado de S.Paulo
Pelo menos outras quatro plataformas de produção de petróleo operam na Bacia de Campos em estado de manutenção semelhante ao da P-33, interditada na última quinta-feira pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), aponta o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense. O Sindipetro espera reunir provas que resultem também no embargo da P-25, P-31, P-32 e P-35.
O sindicato aguarda apenas o agendamento de vistorias pela Delegacia Regional do Trabalho (DRT). "Os problemas nessas plataformas são bem parecidos. A P-31, por exemplo, é conhecida pelos petroleiros pelo apelido de Sucatão", diz José Maria Rangel, coordenador-geral do Sindipetro. A P-31 e a P-25 operam no campo de Albacora; as outras duas, assim como a P-33, no campo de Marlim, o maior centro produtor nacional, de onde são extraídos mais de 300 mil barris de óleo por dia.
A retirada de operação da P-33, determinada pela ANP, ocorreu depois que o sindicato divulgou fotos de equipamentos enferrujados, tubulação furada e remendos que, acusam os petroleiros, são feitos com massa epóxi e bandagem. No ofício enviado à Petrobrás, a agência destacou que, durante a fiscalização a bordo, o fiscal "identificou significativos desvios de segurança".
A Petrobrás alega que a análise de riscos da P-33 foi atualizada em 2007. "Seguindo as melhores práticas internacionais, essa análise sofre revisão a cada cinco anos, portanto está válida até 2012". Na sexta-feira, durante a divulgação dos resultados financeiros do segundo trimestre - quando a empresa contabilizou lucro de R$ 8,3 bilhões - os executivos da estatal se viram obrigados a abordar o tema de novo.
O gerente-geral de Estratégia e Gestão de Portfólio, Hugo Repsold, explicou que a parada exigida pela ANP está sendo cumprida gradativamente, já que não há como suspender de uma só vez a produção. A plataforma, que tem capacidade de produção de até 60 mil barris por dia, só estava produzindo 19 mil barris e, em outubro, seria retirada de operação, para manutenção. Operacionalmente, a suspensão não afetará o desempenho da Petrobrás.
Impacto. "Comparado com o total de dois milhões de barris produzidos por dia pela Petrobrás, não precisa dizer nada sobre o impacto desta unidade", comentou o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, durante a entrevista de apresentação de balanço.
Porém, numa época em que o trauma da explosão, em abril, do poço Macondo, da BP, ainda estremece o setor de petróleo, com os 5 milhões de barris de óleo despejados no Golfo do México por mais de três meses, a interdição da plataforma da Petrobrás carrega uma simbologia negativa. E a imagem dos equipamentos enferrujados têm impacto de inegável temeridade.
"Esse é um assunto muito sério e complexo que não pode ser analisado de maneira tão superficial", diz um empresário da indústria naval, que preferiu não se identificar. "Há questões sendo tratadas nos procedimentos de manutenção de plataformas, mas não se deixe impressionar por algumas fotos que induzem a interpretações de riscos. Uma tubulação de dreno de água de chuva perfurada, por exemplo, não coloca em risco uma operação de plataforma." A plataforma P-33, no entanto, é considerada no meio naval como a pior já entregue à Petrobrás. Apesar de ter sido incorporada ao conjunto de plataformas da estatal há apenas 12 anos, a plataforma é uma adaptação de um antigo navio da frota da Fronape, com mais de 40 anos de fabricação. A conversão foi a primeira feita pelo estaleiro coreano Hyundai Heavy e a plataforma já chegou ao Brasil com um grande número de "não conformidades", como são chamados os itens que necessitam de correção.
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