Os impactos da aliança Geddel-César

Além do tempo no horário eleitoral gratuito, de dois minutos, que o deputado federal e ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) ganha a partir da aliança firmada com o senador César Borges e o PR, a nova configuração do cenário político produz efeitos outros importantes nas principais candidaturas da Bahia nas eleições de outubro.
PARA GEDDEL E ALIADOS: A principal talvez seja a nova perspectiva que passa a ter o candidato do PMDB: em política se sabe que durante uma campanha eleitoral, a criação de fatos políticos de peso podem ter uma influência grandiosa no resultado final. O apoio do PR e a inclusão de César Borges na chapa majoritária peemedebista é um desses fatos e, mais do que a quantidade de votos que os aliados possam trazer de imediato, pode ter um impacto psicológico sobre o eleitorado desfazendo a sensação, que já se formava, de que o governador Jaques Wagner é imbatível e que poderia vencer no primeiro turno.
É claro que somente será possível perceber este impacto nas pesquisas de opinião que se fizerem a partir de agora, mas o fato já deverá influenciar pelo menos o ânimo das lideranças do PMDB e dos partidos a ele já coligados (PSC, PTB). Também deverá dar novo ânimo aos candidatos a deputados (federal e estadual) do próprio PR, uma vez que a coligação proporcional com os peemedebistas deve aumentar as chances de eleição e reeleição.
PARA WAGNER: Sem dúvida que o governador sofre um impacto negativo muito grande, não somente porque deixa de ter um aliado que ampliaria sua base eleitoral na direção da centro-direita, mas tam,bém porque expõe a fragilidade do seu processo de negociação, um processo que ele próprio conduziu desde o início e que avalizou e apostou enfrentando, inclusive, a resistência e a incompreensão de antigos e fieis aliados.
Também aí, mais do que os votos que deixa de ter, o impacto tem muito de psicológico, ao abalar a confiança na vitória ainda no primeiro turno. Outra consequência imediata é a reativação da disputa interna por uma vaga na chapa majoritária da reeleição, uma vez que sem a figura de César Borges, reacende-se a ambição de setores do PT, interessados em indicar um nome para a o Senado. Não se pode esquecer que o PDT também tem se colocado para ocupar uma vaga (ao Senado ou a vice) e que deverá se sentir no direito de retomar a reivindicação.
Como já não há mais a preocupação com o desgaste de ter dois candidatos da centro-direita na disputa pelo Senado, o nome de Otto Alencar pode voltar a ser cogitado para a área, o que abriria a vaga para vice-governador (Marcelo Nilo, do PDT, está à disposição para isto). Assim, Wagner, que acreditava estar com sua configuração definida, agora terá que correr para rearrumar seu tabuleir0, pois quanto mais demorar de definir, maior será o desgaste que o recuo de César Borges provocou.
PARA SOUTO: O ex-governador Paulo Souto e seus aliados do DEM só tiveram a ganhar com a decisão de César Borges. Também pelo aspecto psicológico, ao tirar do cenário a possibilidade (pelo menos neste momento) de uma vitória de Jaques Wagner no primeiro turno. O comando da sua campanha já sabia que o senador não iria decidir pela candidatura na sua chapa, mas o fato de ir para o PMDB é um mal menor para as suas possibilidades eleitorais.
Enfim, aí está o que eu penso a respeito das consequências do fato político criado pela decisão do PR baiano. Vamos ver se estou certo

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