O alinhamento do senador César Borges (PR) à chapa majoritária do candidato do PMDB ao governo da Bahia, deputado Geddel Vieira Lima, altera o cenário da sucessão estadual, agora com uma certeza mais firme de que haverá segundo turno. E, o que parece mais sintomático, os trêscandidatos viraram “japoneses” e pode dar qualquer resultado: Wager x Souto; Wagner x Geddel; Souto x Geddel. As pesquisas até agora realizadas perdem o efeito e começa tudo do zero.
Não que Wagner tenha perdido o favoritismo até então ou que os números de Souto se pulverizaram de uma hora para outra com essa adesão de César a Geddel. Mas, fato novo dessa natureza que também pode animar o prefeito João Henrique a ser candidato ao Senado é algo que mexe muito nas bases eleitorais, praticamente consolida a candidatura Geddel (ainda se espalhava por aí que ele era candidato ao Senado) e a torna competitiva. E como!
Isso dará um ânimo enorme às estruturas partidárias, desorganiza um pouco o projeto Wagner de reeleição, deixa Otto Alencar isolado no meio dos petistas, muda a correlação de forças na Assembleia Legislativa e obriga a Lula/Dilma Rousseff observar a chapa de composição PMDB/PR/PSC/PTB na Bahia com novo olhar. Adicione a todos esses ingredientes que Geddel terá mais tempo no horário eleitoral gratuito na TV e Rádio e seu marketing político ganha mais espaço e eficiência.
A decisão de César Borges de deixar a candidatura Wagner e alinhar-se a Geddel aconteceu em meados da semana passada, quando o senador percebeu que sua capacidade de diálogo com o PT se esgotara. E, temendo ser fritado em banho Maria, como imaginou que estava sendo, perdendo valor no processo da sucessão (perda do “time”), reabriu o diálogo com o PMDB em novas bases, decidido a integrar a chapa majoritária deste partido.
César temia – segundo uma fonte bem próxima do senador – “não ter para onde ir” e desorganizar a estrutura partidária do PR no Estado. Essa questão do PR e suas bases eleitorais pesaram muito na decisão de César. A postura de partidários do PT (não do governador) em não aceitar coligações nas proporcionais com o PR foi o principal entrave, uma vez que o senador, sendo dirigente do partido, não aceitou seguir sozinho se beneficiando isoladamente e deixando a tropa de fora.
Do ponto de vista político, o senador tomou uma decisão “intra-corporis” do PR acertada, ainda que, neste partido, em algumas de suas bases, ocorram alinhamentos com o governador Wagner. A questão, agora, é dimensionar o impacto dessas mudanças (o PR tem mais de 25 prefeitos no Estado e centenas de vereadores) e quem seguirá este ou aquele candidato. Aí, só o tempo dirá. Mas, na largada, nesse momento, Geddel leva vantagem.
Outro problema para Wagner é acomodar novo candidato na “ex-vaga de César ao Senado”, até então tida como certa na coligação, enfrentar os “waldiristas”, realinhar ou não Otto Alencar e assim por diante. Como as decisões no PT são colegiadas, haja reuniões no decorrer desta semana. Quanto a Souto, as informações que tenho dão conta de que, já há algum tempo, ninguém mais no âmbito da coligação DEM/PSDB acreditava que César pudesse compor essa coligação. O “pepino” está no colo é de Wagner.
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