Um grupo de pesquisadores encontrou em uma planta brasileira, típica do norte e do nordeste do País, propriedades medicinais que podem auxiliar no tratamento do câncer.
Após quatro anos de análise em laboratório, o estudo avança para a fase de testes em mulheres portadoras de câncer de mama em estágio avançado (metástase).
A história começou em 2003, quando o farmacêutico Luiz Pianowski, coordenador do projeto, foi apresentado por um amigo a uma “garrafada”, bebida feita da mistura de água com a planta Aveloz. O composto, na época, estava ganhando popularidade no nordeste, principalmente entre pessoas diagnosticadas com algum tipo de câncer.“A bebida amenizava a dor e provocava uma melhora visível no quadro da doença”, lembra Pianowski.
Desde então, o farmacêutico decidiu isolar as células da planta e estudar suas propriedades medicinais. Em 2006, o coordenador começou a desenvolver os estudos com o Aveloz, isolando seu o suco (látex). A substância foi sintetizada no Brasil a partir da planta e ganhou o nome de AM 10.
Logo nos primeiros testes, o médico explica que, além de um efeito antiinflamatório, foram descobertas duas propriedades que poderiam ser úteis no tratamento de doenças como o câncer.“Percebemos que o AM 10 tem uma ação citotóxica (ele mata as células) e outra apoptótica – que incentiva o suicídio delas. Mas observamos também uma ação seletiva da substância, focada em células modificadas (cancerígenas), ou seja, ela mata mais células tumorais do que células vivas”, complementa o pesquisador.
Câncer de mama será o primeiro
Para que um medicamento seja considerado fitoterápico é necessário que tenha sido feito a partir de duas ou mais células da planta estudada. Segundo coordenador, muitos medicamentos são oriundos de ervas medicinais, a diferença está no número de moléculas que foram isoladas. “Um medicamento convencional tem apenas uma molécula isolada. O fitoterápico tem no mínimo duas, como é o caso do Aveloz."
A grande vantagem deste fitoterápico, porém, está no número reduzido dos efeitos colaterais que ele pode provocar. Segundo o oncologista Hélio Pinczowski, diretor do Centro de Hematologia e Oncologia da Faculdade de medicina do ABC, e um dos médicos responsáveis pela pesquisa, os efeitos colaterais são muito menores se comparados à medicação convencional. “Essa é a grande vantagem e o nosso possível trunfo. Ter uma medicação oral, que melhore qualidade de vida do paciente e evite que o tumor avance, é fantástico.”
Passada a fase de testes em laboratório, iniciam agora os testes em humanos. Na primeira etapa, apenas 40 pacientes participarão. Depois, 160 serão recrutadas. Inicialmente, os testes serão feitos com portadoras do câncer de mama em estágio avançado (metástase). Pela Lei, esse tipo estudo só pode ser realizado em pacientes que já tenham enfrentado, sem sucesso, outros tipos de tratamento.
“É um estágio da doença mais difícil de ter resultados. Mas já sabemos que existe atividade anti-tumoral nesse fitoterápico, não estamos propondo um teste cego. Precisamos validar, assegurar que essa propriedade também será sentida nos humanos. Os exames em animais sinalizam as funções dos medicamentos, mas não garantem que ele terá a mesma atividade no homem”, explica o oncologista.
A escolha do câncer de mama, porém, não limita o alcance esperado do medicamento. Segundo o farmacêutico, nos testes clínicos, a substância teve uma atuação eficaz para o câncer de fígado, pulmão, mama e intestino. “Vimos que seria mais fácil recrutar pacientes com câncer de mama por conta a incidência da doença no Brasil, mas o composto teve um resultado positivo em outros focos.”
Sem data para venda
O tratamento das voluntárias será gratuito e terá a duração aproximada de seis meses. Ele substitui as terapias convencionais, como a quimioterapia, pelo medicamento fitoterápico AM 10. No programa, cada paciente receberá um comprimido 3 vezes ao dia (de oito em oito horas). “Essa dosagem permitirá verificar a atividade terapêutica da droga, avaliar a possibilidade de controle da doença e o perfil de toxicidade (efeitos colaterais).” explica o médico.
Essas 40 mulheres passarão por um acompanhamento semanal, que inclui exames laboratoriais, clínicos e tomografias para que a equipe médica possa analisar se os sintomas foram reduzidos, se o tumor aumentou, diminuiu ou ficou estável. “Conseguir que um medicamento simples, que não provoque tantos efeitos colaterais como a quimioterapia, estacione o tamanho do tumor, será excelente”.
Qualquer mulher portadora da doença pode se cadastrar em umas das intuições participantes. O recrutamento está sendo feito pela Faculdade de Medicina do ABC, Hospital Albert Einstein, Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho, Hospital Sírio Libanês e Centro Paulista de Oncologia. A expectativa de Pianowski é que a etapa de seleção termine em maio e que até julho, os resultados já possam mostrar com segurança a eficácia da planta. Até agora, apenas cinco pacientes foram cadastradas.
Para que o resultado seja positivo, o médico explica que o medicamento deve ter o efeito esperado em 30% dos pacientes. Após a fase de testes e aprovação do medicamento pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a idéia é comercializar o produto em farmácias nacionais. Pianowski revela que já existem três empresas interessadas em fabricar o medicamento. Ele acredita que até o final de 2011 o AM 10 esteja nas prateleiras das farmácias do Brasil. Apesar do otimismo do farmacêutico, o oncologista assegura que apenas em 2011 a pesquisa terá resultados pontuais para aprovação do medicamento.
“Vender é um projeto ainda sem data. Levaremos tempo para ter garantias que o fitoterápico tem resultado.”
Após quatro anos de análise em laboratório, o estudo avança para a fase de testes em mulheres portadoras de câncer de mama em estágio avançado (metástase).
A história começou em 2003, quando o farmacêutico Luiz Pianowski, coordenador do projeto, foi apresentado por um amigo a uma “garrafada”, bebida feita da mistura de água com a planta Aveloz. O composto, na época, estava ganhando popularidade no nordeste, principalmente entre pessoas diagnosticadas com algum tipo de câncer.“A bebida amenizava a dor e provocava uma melhora visível no quadro da doença”, lembra Pianowski.
Desde então, o farmacêutico decidiu isolar as células da planta e estudar suas propriedades medicinais. Em 2006, o coordenador começou a desenvolver os estudos com o Aveloz, isolando seu o suco (látex). A substância foi sintetizada no Brasil a partir da planta e ganhou o nome de AM 10.
Logo nos primeiros testes, o médico explica que, além de um efeito antiinflamatório, foram descobertas duas propriedades que poderiam ser úteis no tratamento de doenças como o câncer.“Percebemos que o AM 10 tem uma ação citotóxica (ele mata as células) e outra apoptótica – que incentiva o suicídio delas. Mas observamos também uma ação seletiva da substância, focada em células modificadas (cancerígenas), ou seja, ela mata mais células tumorais do que células vivas”, complementa o pesquisador.
Câncer de mama será o primeiro
Para que um medicamento seja considerado fitoterápico é necessário que tenha sido feito a partir de duas ou mais células da planta estudada. Segundo coordenador, muitos medicamentos são oriundos de ervas medicinais, a diferença está no número de moléculas que foram isoladas. “Um medicamento convencional tem apenas uma molécula isolada. O fitoterápico tem no mínimo duas, como é o caso do Aveloz."
A grande vantagem deste fitoterápico, porém, está no número reduzido dos efeitos colaterais que ele pode provocar. Segundo o oncologista Hélio Pinczowski, diretor do Centro de Hematologia e Oncologia da Faculdade de medicina do ABC, e um dos médicos responsáveis pela pesquisa, os efeitos colaterais são muito menores se comparados à medicação convencional. “Essa é a grande vantagem e o nosso possível trunfo. Ter uma medicação oral, que melhore qualidade de vida do paciente e evite que o tumor avance, é fantástico.”
Passada a fase de testes em laboratório, iniciam agora os testes em humanos. Na primeira etapa, apenas 40 pacientes participarão. Depois, 160 serão recrutadas. Inicialmente, os testes serão feitos com portadoras do câncer de mama em estágio avançado (metástase). Pela Lei, esse tipo estudo só pode ser realizado em pacientes que já tenham enfrentado, sem sucesso, outros tipos de tratamento.
“É um estágio da doença mais difícil de ter resultados. Mas já sabemos que existe atividade anti-tumoral nesse fitoterápico, não estamos propondo um teste cego. Precisamos validar, assegurar que essa propriedade também será sentida nos humanos. Os exames em animais sinalizam as funções dos medicamentos, mas não garantem que ele terá a mesma atividade no homem”, explica o oncologista.
A escolha do câncer de mama, porém, não limita o alcance esperado do medicamento. Segundo o farmacêutico, nos testes clínicos, a substância teve uma atuação eficaz para o câncer de fígado, pulmão, mama e intestino. “Vimos que seria mais fácil recrutar pacientes com câncer de mama por conta a incidência da doença no Brasil, mas o composto teve um resultado positivo em outros focos.”
Sem data para venda
O tratamento das voluntárias será gratuito e terá a duração aproximada de seis meses. Ele substitui as terapias convencionais, como a quimioterapia, pelo medicamento fitoterápico AM 10. No programa, cada paciente receberá um comprimido 3 vezes ao dia (de oito em oito horas). “Essa dosagem permitirá verificar a atividade terapêutica da droga, avaliar a possibilidade de controle da doença e o perfil de toxicidade (efeitos colaterais).” explica o médico.
Essas 40 mulheres passarão por um acompanhamento semanal, que inclui exames laboratoriais, clínicos e tomografias para que a equipe médica possa analisar se os sintomas foram reduzidos, se o tumor aumentou, diminuiu ou ficou estável. “Conseguir que um medicamento simples, que não provoque tantos efeitos colaterais como a quimioterapia, estacione o tamanho do tumor, será excelente”.
Qualquer mulher portadora da doença pode se cadastrar em umas das intuições participantes. O recrutamento está sendo feito pela Faculdade de Medicina do ABC, Hospital Albert Einstein, Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho, Hospital Sírio Libanês e Centro Paulista de Oncologia. A expectativa de Pianowski é que a etapa de seleção termine em maio e que até julho, os resultados já possam mostrar com segurança a eficácia da planta. Até agora, apenas cinco pacientes foram cadastradas.
Para que o resultado seja positivo, o médico explica que o medicamento deve ter o efeito esperado em 30% dos pacientes. Após a fase de testes e aprovação do medicamento pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a idéia é comercializar o produto em farmácias nacionais. Pianowski revela que já existem três empresas interessadas em fabricar o medicamento. Ele acredita que até o final de 2011 o AM 10 esteja nas prateleiras das farmácias do Brasil. Apesar do otimismo do farmacêutico, o oncologista assegura que apenas em 2011 a pesquisa terá resultados pontuais para aprovação do medicamento.
“Vender é um projeto ainda sem data. Levaremos tempo para ter garantias que o fitoterápico tem resultado.”
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