Serra firma-se como candidato natural da oposição

Agência Estado


O "candidato do conflito", que conquistou o direito de disputar a Presidência e fazer a sua nona campanhaeleitoral, ficou nas urnas de 2002. O José Serra de 2010 é outro: em vez de trabalhar no confronto para fazer maioria, e dar a largada em meio a um racha partidário, ele quebrou o isolamento político, aprendeu a fisgar aliados e firmou-se como candidato natural da oposição.


Da derrota de 2002 para cá, São Paulo foi para Serra - com as passagens pela prefeitura da cidade e o governo do Estado - o laboratório da articulação política. Ao juntar PSDB, DEM, PMDB, PTB e PPS, ele encontrou a fórmula para não permitir que outro tucano de Minas, com fama de "político agregador", furasse a fila do PSDB e lhe tomasse a preferência na corrida presidencial.


"Dilma não é Lula"


O ex-governador Aécio Neves bem que tentou virar pré-candidato. Por um tempo, o mineiro se convenceu de que, independentemente da posição na fila, sua melhor hora era agora. Serra bateu o pé, exibiu resiliência e, escudado num cacife médio de 35% de intenções de voto, foi criando o consenso de que desta vez, mais do que em 2002, a hora é dele. Convenceu a ele mesmo de que há espaço para disputar votos porque "Dilma não é Lula" e "o eleitor olhará mais para o futuro do que para o passado."

A esperança do tucanato de Minas era que voltasse à cena o "Serra brigão" de 2002, que se lançou rompido com concorrentes como o ex-ministro da Educação Paulo Renato e o hoje senador Tasso Jereissati (CE). O então PFL, sempre aliado da gestão de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), também se dividiu oito anos atrás e ficou entre Serra, Ciro e o próprio Lula.

As últimas esperanças nas hostes mineiras de Aécio passaram pela ideia de que Serra, diante da popularidade de Lula - mais de 80% de aprovação - e de um relacionamento sempre tenso com Geraldo Alckmin, poderia optar pela reeleição fácil ao governo do Estado. Ao montar a arquitetura da eleição para a prefeitura de São Paulo, em 2004, e, depois, na disputa ao governo do Estado, em 2006, Serra deu um cavalo de pau no jeito de se relacionar com os aliados.

Para deixar o governo do Estado sem sobressaltos, Serra escolheu a dedo o seu vice, Alberto Goldman, um político que lhe garante lealdade absoluta. Mais do que uma campanha tranquila, a chapa puro-sangue para governador foi uma das vitórias que reforçaram o primeiro lugar na fila dos candidatos do PSDB: Serra é o único governador de São Paulo eleito em primeiro turno na história política do Estado. Isso, depois de ter vencido o PT de Marta Suplicy na briga pela prefeitura da capital. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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