TASSO FRANCO /Tribunadabahia
O senador César Borges (PR) é o único candidato efetivamente lançado ao Senado até agora. E, dada sua performance nas pesquisas, a boa atuação no Congresso Nacional e as sondagens dos candidatos a governador, e haja polêmica em torno de uma provável aliança na chapa do governador Jaques Wagner (PT) seguindo a orientação nacional do seu partido que se agrega ao projeto Lula/Dilma, o político baiano vive “interna-corporis” o velho dilema shakespeareano de “ser ou não ser”.
César é um dos mais experientes políticos da atual safra na disputa. Conhece bem o mapa territorial das lideranças do interior, já foi governador do Estado, sabe ouvir como poucos, é paciente e tem o dom da conversa. Portanto, não tem pressa, há tempo no calendário eleitoral até junho para definir-se e a afirmação de sua identidade própria (o ser) não pode ser sobrepujada pelo confronto (o não ser), ou caras-pintadas numa provável aliança petista.
Em recente pesquisa qualitativa encomendada pelo PR, César ouviu do mediador dos grupos que, muitos dos seus seguidores tradicionais, moldados na conjuntura do “carlismo” (de ACM), onde forjou sua trajetória mais fulgurante, não querem que mude de estrada. Preferem que esteja alinhado a Paulo Souto, com quem tem algumas dissidências políticas desde 1995, mas, integra o núcleo a quem sempre esteve vinculado.
Uma outra questão a ser analisada por César diz respeito a história. E aí o dilema se amplia porque, embora Wagner, de acordo com a última pesquisa DataFolha seja o favorito nas próximas eleições, os números apontam para uma indefinição, e tudo pode acontecer. Reza a história política baiana que, nos últimos 24 anos, os governadores eleitos “fizeram” ou “ajudaram a eleger” os senadores.
A lista é a seguinte: Waldir eleito governador em 1986, senadores Ruy Bacelar e Jutahy Mahalhães; ACM governador em 1990, senador Josaphat Marinho; Paulo Souto governador em 1994, senadores ACM e Waldeck Ornelas; César Borges governador em 1998, senador Paulo Souto; Paulo Souto governador em 2002, senadores ACM (hoje o filho ACM Jr) e César Borges; Jaques Wagner governador, em 2006, senador João Durval.
Todo mundo sabe em política que eleição não se ganha de véspera. Há fatores diversos na caminhada e a campanha propriamente dita sequer começou. Pra valer mesmo só a partir de 6 de julho quando é permitida a propaganda eleitoral geral e na internet. Mas, o dado acima, do governador eleito puxar o senador é relevante. César sabe (e a máxima vale para outros nomes) que, se embarcar numa chapa majoritária que deslize, tende a afundar com ela.
Daí que, a tendência é dar tempo ao tempo, deixar o processo ficar mais claro e então decidir. Por enquanto, ainda é muito cedo.
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