Em uma cerimônia que contou com a presença de milhares de hondurenhos no Estádio Nacional de Tegucigalpa, o agroempresário Porfírio 'Pepe' Lobo Sosa, de 62 anos, assumiu nesta quarta-feira como novo presidente de Honduras, posto que ocupará por quatro anos e ao qual chega sete meses após a crise política deflagrada pelo golpe de Estado que tirou Manuel Zelaya do poder.
Lobo recebeu a faixa presidencial das mãos do presidente do Parlamento, Juan Orlando Hernández, também do Partido Nacional.
Para reforçar a legitimidade da posse e das eleições gerais de 29 de novembro, Hernández afirmou que a votação teve comparecimento eleitoral recorde. "O presidente que hoje assume é o mais votado da história de Honduras", afirmou Henández antes de entregar a Lobo a faixa presidencial.
Lobo prestou seu juramento sob os gritos da multidão que compareceu ao estádio para participar da cerimônia. Participaram da cerimônia os chefes de Estado do Panamá, Ricardo Martinelli, da República Dominicana, Leonel Fernández, de Taiwan, Ma Ying-jeou, e também as delegações de aproximadamente 20 países.
Após o juramento, tomaram posse os três novos vice-presidentes hondurenhos: María Antonieta de Bográn, Samuel Reyes e Víctor Barnica.
Em seu discurso de posse, Lobo afirmou que Honduras superou a pior crise de sua história democrática e reiterou que contará em seu governo com a presença de todos partidos do país.
A formação de um governo de unidade nacional era um dos itens previstos no acordo San José-Tegucigalpa, mediado no início da crise pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias. "Que depois da reconciliação nacional ocorra a indispensável reconciliação com a comunidade internacional", afirmou Lobo.
As autoridades de Honduras esperam que, após a posse, a comunidade internacional reconheça a presidência de Lobo e retome os laços diplomáticos e comerciais rompidos depois do golpe de Estado que depôs da presidência do país Manuel Zelaya, em 28 de junho.
Em seu pronunciamento, Lobo deixou isso claro ao afirmar que a Organização de Estados Americanos (OEA) deve reintegrar o país o em breve. A OEA expulsou Honduras logo após o golpe.
"Acabamos de sair da pior crise de nossa vida democrática e demonstramos ao mundo que amamos a liberdade e a paz. Estamos prontos a enfrentar o futuro unidos", disse Lobo sob aplausos.
Antes dos atos de posse, o Parlamento manteve nesta quarta uma sessão iniciada na terça-feira, na qual aprovou uma anistia geral por crimes políticos que beneficiará pessoas envolvidas em fatos ocorridos antes e depois do golpe de Estado contra Zelaya. Como um de seus principais atos após a posse, Lobo sancionou o documento.
Depois da cerimônia, o novo líder hondurenho oferecerá um almoço aos convidados especiais na Casa Presidencial, segundo o programa oficial.
Espere-se que Lobo conceda ainda nesta quarta-feira a Zelaya, que foi deposto da presidência de Honduras em junho do ano passado, um salvo-conduto para que ele deixe a embaixada e siga para a República Dominicana.
Há ainda poucos detalhes de como essa operação vai funcionar, mas, em uma entrevista coletiva na terça-feira, Lobo afirmou que ele próprio irá até o prédio da representação brasileira para levar Zelaya até o aeroporto.
Saída de Zelaya
Zelaya, que desde 21 de setembro permanece na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, deve deixar nesta quarta-feira o país com a mulher, dois filhos e alguns colaboradores, com destino à República Dominicana, acompanhados pelo presidente Leonel Fernández.
A Frente Nacional de Resistência Popular contra o golpe de Estado coordena uma manifestação para se despedir de Zelaya, que foi derrubado quando estava a sete meses de concluir seu mandato de quatro anos.
Lobo retornou secretamente ao país depois de passar quase três meses no exterior, impedido de voltar a Honduras.
Desde então, o prédio da embaixada encontra-se cercado por forças militares hondurenhas, que em alguns momentos chegaram inclusive a restringir a entrada de alimentos no local.
Partidários de Zelaya fazem vigília perto de embaixada brasileira nesta quarta / AP
O encarregado de negócios da embaixada, diplomata Francisco Catunda Resende, conta que o clima na representação diplomática na véspera da posse de Lobo é de otimismo, com Zelaya fazendo os preparativos para a sua possível saída do prédio.
A situação é bem diferente da tensão que marcou os primeiros dias após o retorno de Zelaya, quando mais de 300 pessoas, entre correligionários e assessores do presidente deposto, abrigaram-se no prédio da representação brasileira.
Atualmente, apenas nove pessoas estão "hospedadas" no prédio, incluindo Zelaya e sua mulher, Xiomara.
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