Pesquisadores encontram nova espécie de anta na Amazônia

Estadão

A nova espécie de anta

Nova espécie encontrada na Amazônia. Crédito: Cortesia Fabrício Santos

Imagine se é possível um animal enorme como uma anta passar despercebido na natureza. Pois uma espécie da Amazônia conseguiu a proeza. Pela primeira vez desde 1865, um grupo de cientistas brasileiros publicou ontem a descoberta de uma nova espécie habitando a floresta no sul do Amazonas, em Rondônia e também a amazônia colombiana.
Tapirus kabomani é a quinta anta já encontrada no mundo. E o primeiro grande mamífero terrestre da ordem Perissodactyla (formada por antas, rinocerontes e cavalos) encontrado em mais de cem anos.

Menor que a anta brasileira (Tapirus terrestris) – tem em média cerca de 110 quilos contra 320 kg da parente mais famosa –, era conhecida das tribos indígenas que habitam a região, mas só chamou a atenção da ciência recentemente.
O pesquisador argentino Mario Cozzuol, lotado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi quem resolveu investigar o bicho há mais de dez anos. “O curioso não é que ninguém nunca tinha visto a anta. Ela estava à vista de todo mundo, mas ninguém acreditava que era algo diferente”, afirma. “Caboclos e indígenas diziam isso. A gente resolveu levar a sério o que eles falavam.”
Do fóssil à espécie viva. Cozzuol é paleontólogo e em 2002, quando estava na Universidade Federal de Rondônia, orientou uma aluna a estudar uma anta fóssil. Para isso ela precisava comparar o fóssil com crânios atuais da espécie e um dos materiais que ela coletou, proveniente da região de Porto Velho, era um pouco diferente. “Parecia mais raro e daí começamos a investigar.”
Para isso foram feitas entrevistas com populações indígenas, ribeirinhas e caçadores, que relataram onde era visto o animal. Nesses locais foram colocadas armadilhas fotográficas, que flagraram o bicho.
“A espécie é nova para a ciência, mas todo mundo que vive o dia a dia da floresta reconhece a diferença. Visitamos uma tribo que guardava troféus – cipós onde amarravam os crânios dos animais caçados. E tinha cipó para veado, para anta, mas era um para cada espécie. Eles diferenciavam”, conta o biólogo Fabrício Santos, também da UFMG, que cuidou da análise genética da espécie.
A partir das imagens e de amostras de antas coletadas junto a essas populações e com caçadores – a própria equipe chegou a ter licença para caçar um exemplar, que agora está depositado na coleção da UFMG como referência –, foram feitos os estudos morfológicos e genéticos.
“Só o fato de ser menor não ajudava muito, porque a anta comum tem bastante variação de tamanho na natureza, assim como de coloração, que vai de cinza chumbo a rosada, então os cientistas em geral achavam que era só uma variante dela”, lembra Cozzuol.

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