
Eduardo Tessler De Porto Alegre (RS)
O governo Lula será tema de livros, de teses de mestrado e doutorado, de reportagens em jornais do mundo inteiro, de documentários na TV. Nunca antes na história desse país alguém conseguiu fazer o Brasil ficar tão bem economicamente, batendo recordes de emprego, produção, bem estar e até conseguindo passar pela maior crise das bolsas desde 1929 sem grandes abalos.
Mais que isso, Lula vai entregar o Palácio do Planalto a uma mulher que jamais havia disputado sequer eleição para síndica do seu prédio. Ideia sua, mérito seu. E o nordestino-paulista Luiz Inácio vai sair de Brasília com inacreditáveis 80% de aprovação popular.
Ufa!
Mas há uma ponta de responsabilidade do governo Lula que ninguém fala, ninguém é capaz de apontar ou discutir, talvez por medo dos poderosos: a redução do IPI para veículos, que fez a indústria automobilística bater recordes de produção.
Boa ideia? Péssima.
Lula esqueceu que: 1. Ao favorecer a venda de carros novos - quando o brasileiro tinha dinheiro no bolso - o governo provocou uma concentração incontrolável de automóveis nas ruas. Não há lugar para tantos automóveis nas ruas de São Paulo, do Rio de Janeiro ou de qualquer cidade grande do Brasil. Faltam garagens. Faltam ruas e avenidas. Faltam locais para estacionar. Sobra gás carbônico no ar.
2. Bastou o IPI voltar ao patamar anterior para a indústria automobilística reduzir sua própria margem de lucro e lançar os carros no mercado por um valor ainda menor do que quando havia o favorecimento nos impostos. Ou seja, o governo fez papel de bobo, enquanto as grandes montadoras encheram os cofres.
3. Criou-se um exército de brasileiros com dívidas, uma situação perigosíssima para um país cuja saúde da economia ainda depende das negociações com outros países. Ou seja, a maré pode virar a qualquer hora.
Mas nada é pior do que enfrentar o trânsito infernal do Brasil. Há engarrafamentos em qualquer hora e em todo o lugar. Incrível: se quase um milhão de automóveis deixaram São Paulo no feriadão, como é possível conviver com trânsito na noite de sábado na região da Augusta e da Paulista?
O governo Lula pecou - e será também lembrado por isso - por ter facilitado o aumento da frota de veículos no país e não ter melhorado a estrutura viária das grandes cidades. A consequência imediata, além do trânsito, é o crescimento do número de mortes nas estradas e ruas, o ar irrespirável nas cidades e o estresse coletivo que disparou.
A melhor decisão da presidente Dilma Rousseff seria triplicar o IPI dos automóveis novos já. E convencer o prefeito Gilberto Kassab a aumentar o rodízio de São Paulo: não proibir apenas placas terminadas em 1 e 2, ou 7 e 8, de circular a cada dia, mas fazer exatamente o contrário: segunda-feira circulam apenas as placas terminadas em 1 e 2. Todas as outras ficam em casa, de 6h até 23h.
Ou se tomam medidas drásticas - e se investe em infra-estrutura - ou antes da Copa do Mundo as cidades grandes já estarão sem condições de vida.
Dilma pode não ser tão cega e não pensar no cidadão.
Abre o olho, Dilma, para o bem de seu neto que acaba de nascer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário