Brasileiro faz curso até de madrugada para subir na vida

De segunda a sexta-feira, o dia de Daniela Alves Santos, de 23 anos, começa às 7h da manhã com um copo de leite e termina às 2h30 depois de uma aula de matemática financeira, estatística, marketing ou contabilidade. Durante o dia, ela trabalha no setor administrativo de uma empresa de desenvolvimento sustentável e, de madrugada, cursa administração numa universidade particular da Zona Sul de São Paulo.
São cinco horas de sono por noite. Trem, ônibus e metrô lotados para ir de casa ao trabalho e do escritório à universidade - esforço que deve dar a ela, daqui a dois anos, um diploma de ensino superior: o primeiro da família.
A estudante de administração é um retrato da nova classe média, que tem conquistado uma renda melhor não só com “bicos” e trabalho dobrado, mas com investimento pessoal em educação. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, coordenada pelo professor Marcelo Néri, conseguiu medir o impacto dos anos de estudo a mais na renda da população.
Fica bem claro que esses ganhos foram maiores nas classes mais baixas. “A renda dos mais pobres cresceu muito e a educação explica dois terços desse movimento. Enquanto no topo, a taxa de crescimento é menor e a educação explica menos, porque são pessoas que já tinham acesso ao conhecimento”, esclarece o pesquisador.

Entre 2003 e 2009, a renda individual do brasileiro cresceu 3,8% ao ano. Entre os 20% mais pobres, esse crescimento foi duas vezes maior. A novidade trazida por Néri é a comparação da renda com o nível de escolaridade e com a jornada de trabalho. No mesmo período, os brasileiros mais pobres conseguiram aumentar os anos de estudo em 5,19%, enquanto esse índice entre os mais ricos nem sequer chegou a 1%. Por sua vez, as horas de trabalho dos trabalhadores das classes C e D diminuíram. Aqui, Daniela, que nem se formou ainda, também serve de exemplo.
Ela está na metade do curso de graduação e já sentiu a conta engordar. Em dois anos, passou de estagiária a gerente administrativa: o salário multiplicou por três. Na casa onde vive com a mãe, pensionista, a universitária é hoje quem tem a maior renda. Além de pagar a faculdade sozinha, Daniela consegue realizar pequenos sonhos: comprou computador e celular e faz planos de colocar o primeiro carro na garagem no início do ano que vem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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