LULA ACENA E ELE RESPONDE

Por Wilson Midlej



Enquanto aguardava o meu amigo  Jeremias acabar de “dar um grau” no carro, como ele costuma dizer, fiquei observando o ancião de compleição forte, cabelos brancos anelados, sob um chapéu de panamá surrado. Devagar, ele levantou-se do banco da praça e dirigiu-se à fotografia de corpo inteiro, recortada, onde o presidente Lula faz o gesto de cumprimento, com o chapéu, dando a impressão, a quem passa que o homem faz um aceno personalizado. Dirigido justamente ao transeunte. Esta peça de divulgação, de um realismo impressionante, está afixada diante do bar do Raul. O nosso personagem, que depois nos deu um dedo de prosa, pediu pra não publicar o seu nome nem sua imagem, uma vez que prefere o anonimato. Mesmo com a insistência do fotógrafo, João Lourenço, para que a cena se repetisse, a fim de ser registrada, não convenceu ao aposentado a submeter-se a uma encenação. “Não é coisa de homem sério”, retrucou.  Daí, mesmo sem a dita imagem dos fatos, que passo a relatar o episódio, que merece uma reflexão por parte dos brasileiros.

O aposentado parou diante da foto, tirou o seu próprio chapéu e, numa reverência solene, exclamou, quase sussurrando: “Pode deixar presidente, a gente tudo vai votar em sua muié”… A mulher a que ele se refere é a candidata de Lula e do PT a presidenta da República. E prosseguiu “… a antecipação do 13º salário da gente foi bom demais. Só quem já foi fraco como a gente é que sabe dar o valor”. Discretamente, colocou o chapéu de volta na cabeça e foi saindo sem dar totalmente as costas a Lula, como se estivesse lidando com algo sagrado.  Em seguida, sentou-se junto a mim, atendendo ao meu chamado:
Contou-me que vem da região de Itajuru todo fim de mês para Jequié em busca dos proventos a que tem direito e mais alguns benefícios propiciados pelo Presidente Lula nesses quase 8 anos à frente da presidência do Brasil. Na curta viagem, vem apreciando as roças de cacau, lembrando de velhas e novas histórias. Começou cedo na labuta da roça: podava, colhia de podão, bandeirava, quebrava e descaroçava cacau. Nos dias de folga, depois da feira, pelejava ajudando comprador de porco, saindo de madrugadinha pelas casas dos posseiros atrás de capados, voltando noite velha, calça arregaçada, naquela paciência de seguir os passos lerdos, gordos  e sem pressa de quem ia virar pano de toucinho na feira. A chuva, a lama, dormir molhado, varinha na mão, acompanhando a corda arrasto. Chiquê…chiquê…
Não valia nada. Até que, segundo ele, surgiu Lula. “Aí, moço, a gente passou a valer mais do que dois tostões de mé cuado”. A gente já virou freguês considerado lá na feira, tem cartão de banco e trastejou tem um gerente procurando pra emprestar dinheiro. Já se viu?” concluiu, se levantando impaciente: “Homem que é cidadão, sério, tem que ter gratidão. Por isso eu e todo o pessoá que conheço, em minha região, vai votar na muléde Lula”, despediu-se acenando atenciosamente pra fotografia de corpo inteiro em que o presidente Lula acena o chapéu.
Companheiros e companheiras… o personagem tá certo… Mas será que o cabedá de Dilma vai servir para o Brasil? Jeremias também acena dizendo que o carro ficou pronto. Sobre Jeremias não precisa falar, pois é gente muito boa e vive feliz, mas sobre a atitude desse homem simples, sua vida  e o que ele acredita para o futuro, vale refletir!

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