Juros subirão mais

Correioweb
Por Mariana Mainenti
Nas contas do Itaú Unibanco, a taxa básica terá que aumentar pelo menos mais 0,5 ponto em dezembro

São Paulo — Depois de revisar suas projeções para a economia brasileira, o Itaú Unibanco aposta que o Banco Central terá de elevar em mais 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic) até o fim do ano, dos atuais 10,75% para 11,25%, o que significará taxa real (descontada a inflação do período) de 5,4%. Na avaliação do maior banco privado do país, apesar de os índices de preços terem registrado variação zero em junho e em julho, a retomada da atividade no segundo semestre manterá a inflação em níveis preocupantes.



“O cenário mais duvidoso (do segundo trimestre) levou o BC a dizer ‘estamos na dúvida, vamos reduzir o ritmo’ (de alta dos juros). A gente acredita que, agora, o BC dará uma parada até ter mais certeza sobre o atual quadro da economia”, diz o economista-chefe do Itaú Unibanco e ex-diretor do Banco Central, Ilan Goldfajn. Para ele, o novo arrocho se concretizará em dezembro. “Se a inflação não voltar ou a gente estiver errado sobre a situação da economia, se achar que não há uma recuperação, o BC estará certo e não terá que subir (os juros). Como acreditamos no nosso cenário, em algum momento lá no fim do ano, ficará mais claro que, talvez, a atividade esteja retomando e fará sentido subir a Selic”, afirma.

Goldfjan ressalta que reviu, ainda que marginalmente, a projeção para a inflação deste ano: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechará o ano em 5,6% e não em 5,5%, como havia estimado anteriormente. “A inflação está mostrando que a economia está se recuperando e precisará de um pouco mais de juros. Se a inflação está em 5,5% e a meta é 4,5%, achamos que, quando ficar mais claro que o nosso cenário é o que vingou, o BC terá que voltar a elevar os juros”, acrescenta.

Na avaliação do economista é “legítima” a diferença de opiniões em relação ao cenário para os próximos meses. “De um lado você tem uma economia mundial que está muito mais fraca. Discute-se se os Estados Unidos terão ou não desaceleração, se a Europa conseguirá se recuperar e, aqui, o segundo trimestre parece fraco. É legítimo dizer: ‘isso aqui vai desacelerar’. Mas a nossa cabeça é de que é um pouco mais. Existem riscos no nosso cenário e no do BC”, pondera. Ele ressalta, porém, que não será necessário aumento dos juros em 2011.

O PIB mensal do Itaú Unibanco, divulgado na sexta-feira pela instituição, recuou 0,6% em junho na comparação com maio. Em relação a junho de 2009, no entanto, houve avanço de 6%. No segundo trimestre ocorreu uma variação positiva de 0,6% em relação ao trimestre anterior, em que o crescimento foi de 2,7%. Para julho, já é estimada uma alta de 0,3% ante junho e de 6,2% sobre o mesmo mês de 2009. O crescimento estimado para o Produto Interno Bruto neste ano segue em 7,5%. “A redução da produção industrial no segundo trimestre não foi acompanhada pelo mercado de trabalho. As contratações continuam fortes. A taxa de desemprego está bastante baixa. Os índices de confiança do consumidor e dos empresários permanecem elevados”, complementa Aurélio Bicalho, economista da instituição.

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