Haroldo Abrantes / Agência A TARDE
Regina Bochichio, do A TARDE
Num tom de paz e amor, justificando a provável aliança com o PR, cujo presidente estadual é o senador César Borges, que até as eleições de 2008 era adversário político do PT, o governador Jaques Wagner (PT), disse, nesta quinta, que "não existe mais panelinha na Bahia". Lembrou que em 2006 houve uma derrota política (dos carlistas) e uma ausência física em 2007 (morte de ACM), sendo ocenário atual diferente.
A chamada “panelinha" é uma alusão ao trio político Cesar Borges (PR), Antonio Carlos Magalhães (ACM) e Paulo Souto (DEM), que se revezaram no poder do Estado por quase duas décadas. A ideia da panelinha foi usada como carro-chefe da campanha eleitoral do PT para o governo do Estado em 2006, quando Wagner saiu vitorioso. O jingle dizia que o povo estava ”cansado dessa panelinha“. Wagner, que falou com a imprensa logo após a abertura dos trabalhos anuais da Assembleia Legislativa (AL), alegou que as análises políticas atuais com base no chamado período carlista são “autorreferenciadas”.
“A Bahia era feita com esse risco no chão: a favor e contra. Era uma deformação da política baiana, mas era uma realidade. Só que as pessoas não vão ficar o resto da vida: 'eu fui do PFL' ou 'eu fui do DEM', com um carimbo, uma mancha na cabeça", disse o governador. Logo após a leitura da mensagem em Plenário, Wagner fez um apelo aos parlamentares para que a disputa eleitoral ocorra em clima respeitoso.
Eleitor - O PR de Borges, caso o martelo seja batido, quer uma das vagas ao Senado – o que tem desagradado parte das lideranças petistas, como os da linha dos deputados Paulo Rangel (estadual) e Zezéu Brito (federal), coisa que o governador terá de administrar. A reunião do conselho político será na segunda-feira.
O único nome certo para a chapa de Wagner, até agora, é o do ex-governador Otto Alencar (PP), outro nome do período anterior. A deputada Lídice da Mata (PSB) é cogitado para assumir a outra vaga, provavelmente a vice.
Herança - Embora à figura de César Borges estejam associados fatos como o de ter autorizado a Polícia Militar reagir de forma agressiva contra estudantes, em 2001, quando houve a passeata em favor da cassação de ACM, para Wagner “o eleitor vai entender”. Porém, Borges tem de estar preparado: “As críticas anteriores, que vão ser feitas, vai caber mais ao senador Cesar Borges explicar e não a mim”. Mas o governador mantém o discurso : “Pobres daqueles que fazem politica querendo estigmatizar para sempre seus adversários”.
A decisão política é pragmática: o PR, além de ser um partido alinhado em âmbito federal com Lula – o que fortalece o palanque da ministra pré- candidata à presidência da República Dilma Rousseff na Bahia – também agrega tempo de TV à campanha petista (quase três minutos) e dá capilaridade ainda mais ao nome de Wagner no Estado.
Entretanto, até ano passado, muitos dos discursos petistas na tribuna do Plenário da Assembleia, por exemplo, ainda insistiam em bater na tecla da ”herança maldita“, não raro citando nomes de ex-governadores.
O deputado Zé Neto, por exemplo, quis minimizar o assunto dizendo que muitos políticos antes “de lá” (DEM, PP) aderiram ao governo, sendo o PR apenas mais um desses. Já o líder governista, deputado Waldenor Pereira (PT), não vê problemas na adesão do PR já que "quem entra se submete ao projeto do governador".
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