Por Cosme Rímoli - R7
Renato Gaúcho.
Cinco vezes treinador do Fluminense.
Duas do Vasco, inclusive rebaixado.
Uma do Madureira.
Campeão só da Copa do Brasil pelo Fluminense.
Foi vice em casa também com o tricolor.
Relutou o quanto pôde para trabalhar como técnico fora do Rio de Janeiro.
Recusou Grêmio, Santos, Atlético Mineiro, Coritiba.
Ao perceber que o mercado dos grandes clubes da Série A se fechou para ele, aceitou trabalhar no Bahia.
O Bahia precisava retornar às manchetes nacionais.
Depois de diretorias nefastas, o clube com uma das maiores e mais apaixonadas torcidas do Brasil despencou.
Chegou até o inferno da Série C.
Foram campanhas vergonhosas que fizeram esquecer a conquista do Brasileiro de 1988.
Até o estádio onde jogava apodreceu, a Fonte Nova.
E matou sete torcedores, que afundaram em um buraco nas arquibancadas.
Morreram comemorando o acesso da Série C para a B.
Mortes que nunca foram justiçadas.
Ninguém pagou por elas, em mais um absurdo de um país chamado Brasil.
Depois de perder o reinado do Estado para o Vitória, empresários se uniram para tentar resgatar o Bahia.
E aproveitar da sua popularidade.
Onde o time vai, seja em que condição for, os torcedores estarão lá, pagando sua entrada sabe Deus como.
Para buscar a mídia do eixo do mal, Rio-São Paulo, a saída foi criar fatos novos.
O primeiro foi a contratação de Renato Gaúcho.
Não importava a fase péssima que ele passava como treinador.
Era garantia de manchetes e aparição no Jornal Nacional.
A nova diretoria acertou na mosca.
Sem dinheiro, tiraram da aposentadoria Edílson.
O ex-jogador, que havia virado empresário de grupos de pagode baiano, acertou no ato.
Outra vez manchetes e Jornal Nacional.
Só que começou o Campeonato Baiano.
O time que Renato tem nas mãos é fraquíssmo.
Só a iludida torcida não pode carregá-lo nas costas.
Bem que tentou.
Veio a decepção na derrota diante do Vitória: 2 a 0.
A diretoria, sem nenhum pudor, resolveu interferir no time.
Dirigentes disseram que Renato Gaúcho estava escalando errado a equipe.
Houve uma grave reunião em que o treinador até ameaçou pedir demissão.
Tudo resolvido.
Veio a estreia de Edílson contra o Bahia de Feira de Santana.
A festa estava armada, como se precisasse desculpa para festas em Salvador.
E o Bahia verdadeiro tomou uma sova do clone por 5 a 3.
Uma vergonha.
E dá-lhe novas declarações dos dirigentes.
Novas críticas a Renato Gaúcho.
Nova ameaça de intervenção.
Hoje haverá nova partida, contra o Atlético de Alagoinhas.
Nova derrota, o treinador poderá arrumar as malas.
Renato Gaúcho e o Bahia estão plantando o que colheram.
O treinador é personalista e, mesmo novo, não tratou de se reciclar, buscar novos conhecimentos.
Estudar novas táticas pela Europa ou mesmo pelo Brasil.
Fez questão de no máximo aprimorar seu futevôlei nas praias do Rio de Janeiro.
Ele mesmo deveria se levar mais a sério.
Não participar de rachões.
Virar um técnico de verdade.
Ainda há tempo.
Já a direção do Bahia precisa esquecer os holofotes e ter um projeto sério.
Não importa se tiver de investir em jovens e levar dois anos para formar um time competitivo, forte para voltar à Série A.
Os grandes do Brasil lamentam muito o Bahia ter encolhido.
Ter ficado para trás.
Não só por simpatia, mas pelas sensacionais arrecadações que esse time proporcionava.
Mas não será dessa maneira que irá mudar.
Com dirigentes agindo como antigos coronéis.
Tomando decisões precipitadas, na base da raiva, na falta de foco.
Ou então loucos para fazer o time ser manchete no Rio e em São Paulo.
Triste e sofrido glorioso Esporte Clube Bahia…
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