A festa no Rio Vermalho
Mais de 400 mil pessoas devem passar pelo bairro do Rio Vermelho, em Salvador, durante todo o dia, nesta terça-feira (2), para acompanhar os festejos em homenagem a Iemanjá. A estimativa é da Polícia Militar (PM) que vai disponibilizar um efetivo de 1,3 mil homens para garantir a segurança de baianos e turistas no evento. Segundo os organizadores da festa, haverá 300 balaios no barracão de oferendas para o depósito dos presentes que serão oferecidos à ‘Rainha do Mar’. “Este ano, cerca de 250 embarcações devem participar da festa”, disse o presidente da colônia de pescadores do Rio Vermelho, Marcos Santos Souza. Souza afirmou ainda que a procissão marítima vai sair da praia no fim da tarde “para fazer a entrega dos presentes”. Há mais de 80 anos, católicos, adeptos do candomblé e turistas participam do ritual e começam a deixar os presentes já na véspera da festa, por volta das 18h do dia 1º de fevereiro. São sabonetes, perfumes, flores, espelhos e bonecas. Nos últimos anos, por conta da fiscalização dos órgãos ambientais, apenas os itens biodegradáveis são lançados ao mar. Tradição - Segundo o historiador Manuel Passos, as primeiras manifestações datam do início do século XX, quando um grupo de 25 pescadores resolveu fazer oferendas para a Mãe das Águas, pedindo em troca, fartura de peixes e tranqüilidade nas águas. Desde então, no dia 2 de fevereiro, o Rio Vermelho é palco da festa que une sagrado e profano. As ruas são tingidas de branco e pérola.
Oferenda à Yemanjá
Para Passos, esta é a única das festas populares de Salvador eminentemente afro. "Não tem origem católica, européia. Foi criada pelos ancestrais africanos que aqui viviam, e por um grupo específico, que foi o de pescadores", explica. Ele afirma ainda que essa é uma das festas que vem ganhando força, inclusive por ser frequentada não apenas pelo povo de santo, mas por baianos em geral e turistas. "A festa de Iemanjá transcende o caráter exclusivamente afro, porque não é só o povo negro que a protagoniza. A loira baiana, o turista, todo mundo vai lá levar suas flores, fazer sua oferenda", diz. Reza a lenda Iorubá que Iemanjá, filha de Olokum, casou-se com Olofin-Odudua, em Ifé, na Nigéria, e teve dez filhos, todos orixás. A amamentação teria lhe rendido seios enormes e, cansada de viver em Ifé, Iemanjá fugira em direção ao “entardecer-da-terra”. Chegando a Abeokutá, Okerê lhe propôs casamento e ela aceitou, com a condição de que o marido jamais a ridicularizasse por conta dos seios. Uma ofensa de Okerê causou fúria à filha de Olokum, que fugiu novamente, encontrando num presente do pai o caminho para as águas. Nunca mais voltou para a terra. Iemanjá tornou-se a Rainha do Mar. Seus filhos fazem oferendas para acalmá-la e agradá-la. Além do ritual religioso, a Festa de Iemanjá também reúne diversas expressões da cultura baiana. O samba de roda sempre deu o tom da festa ao mar. Ao som do pandeiro, se apresentam grupos de capoeira, blocos afros, fanfarras e grupos fantasiados.
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