por Roberto Zanin, colunista do Terceiro Tempo
Além das festas do centenário, 2010 é importante para o Sport Club Corinthians Paulista, porque nele se comemoram os dez anos da conquista mais importante da história do clube: o Primeiro Campeonato Mundial Interclubes, da FIFA.
Em janeiro de 2000, oito clubes de todas as partes do planeta se reuniram no Rio e em São Paulo para a competição. Talvez nunca haverá, em outro torneio, uma plêiade de craques como a daquele campeonato: o Real Madrid, espécie de seleção multinacional: Roberto Carlos, Casillas, Hierro, Raul, Fernando Redondo e Anelka; no banco, reservas de luxo como Sávio, Morientes, e até um promissor jovem camaronês, Samuel Eto´o .
O Manchester United tinha jogadores como Gary Nevile, Dwight Yorke, Ryan Giggs, Andy Cole e o então jovem astro David Beckham. O Vasco da Gama, com um time reforçado para ganhar o título inédito: Mauro Galvão, Juninho Pernambucano, Ramon, Edmundo e Romário, com jogadores como Donizete e Viola no banco.
Para encarar essa turma, o mosqueteiro escalava o nervos de aço Dida, o incansável Índio, o vigoroso Fabio Luciano, o experiente Adilson Baptista e o preciso Kléber.
O meio campo com os clássicos Vampeta e Rincon, o cerebral Ricardinho e o insinuante Marcelinho. No ataque, o lépido Edilson (O bola de ouro do Mundial) e o artilheiro Luisão.
O Mundial teve lances míticos, históricos. Cito dois: o fantástico gol de Edmundo, contra o Manchester http://www.youtube.com/watch?v=fuiOPuNe0N0 e o de Edilson, contra o Real Madrid, com direito a caneta em Karembeu, num dos maiores jogos já vistos no Brasil: http://www.youtube.com/watch?v=Zk8qdL2e8nY&feature=PlayList&p=B7CAEEA12F08034D&index=0&playnext=1
Mas como tudo o que envolve o Corinthians, os adversários jamais admitem a importância do título. Mas o pior para eles é que todos os seus argumentos são facilmente desmontados.
Falam do “gol” de Fábio Luciano, em que a bola realmente não entrou, mas se esquecem do gol legítimo do zagueiro João Carlos que daria a vitória contra o Real Madrid, que o árbitro anulou.
Outra objeção: por que o Corinthians foi o representante do Brasil?
Como toda competição da FIFA, a entidade garante vaga ao representante do país-sede. Como o campeão brasileiro de 99 seria conhecido às portas do Mundial, optou-se por indicar o campeão de 98.
Por sorte e competência, o Corinthians entrou como campeão de 98 e confirmou o acerto da escolha ganhando, também, o Brasileirão de 99.
O Vasco entrou como campeão da Libertadores de 98. O Manchester participou como campeão europeu de 99 e o Real como campeão intercontinental de 98.
Aliás, o único país que considera campeão mundial o vencedor do charmoso jogo entre campeão da Libertadores e campeão europeu é o Brasil. Veja o site do Real Madrid: http://www.realmadrid.com/cs/Satellite/es/Club/1193040475224/PalmaresTotal/Palmares.htm; ou o do Boca Juniors: http://www.bocajuniors.com.ar/el-club/titulos
Se o amigo leitor consultar o site do Milan ou do Barcelona, encontrará o mesmo adjetivo, “Intercontinental”, para designar a taça obtida em jogo com oponentes de apenas dois continentes.
Talvez seja o complexo de vira-lata, como dizia Nelson Rodrigues, mas parece que dizer que o Flamengo ou o Grêmio, por exemplo, são campeões intercontinentais diminuiria o feito. Mas trata-se de questão elementar. Basta consultar o dicionário.
O Houaiss, por exemplo, explica: “Mundial: relativo ao mundo como um todo, à terra inteira; geral, universal”. Ou seja: de fato, com a presença de equipes de todos os continentes, a competição de 2000, organizada pela FIFA, geraria o primeiro campeão mundial.
Outro argumento de pouca inteligência é de que o título do Corinthians não é legítimo por ele não ter vencido a Libertadores. Ora, então vamos considerar ilegítimos os títulos do Uruguai, em 30; da Itália, em 34; da Inglaterra, em 66; da Alemanha, em 74; da Argentina, em 78 e da França, em 98?
Essas seleções não disputaram as eliminatórias, por que eram anfitriões da Copa e foram campeãs.
O que aumenta ainda mais a façanha do Corinthians é que, apesar do campeonato ter sido disputado no Brasil, o alvinegro disputou o título na casa do adversário.
A presença de 30 mil corinthianos que fizeram a segunda invasão ao Maracanã, após a inigualável romaria de 76, ajudou a diminuir essa desvantagem.
O jogo foi cardíaco, tenso. Afinal, com as duplas de ataque que estavam em campo, qualquer erro seria fatal. O Corinthians, que já iniciara o torneio com o elenco cansado, combalido, teve que suportar, também, a prorrogação. Nos pênaltis, com gols de Rincón, Fernando Baiano, Luisão e Edu, uma defesa de Dida e o erro de Edmundo, o Mundo se tornava preto e branco. O capitão Rincón recebeu o troféu do presidente da FIFA, Joseph Blatter.
Parabéns, Corinthians! Cem anos de vida. Dez anos do Mundial.
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