O Brasil se livrou do fantasma do corte às vésperas de uma Copa do
Mundo. Passou sem grandes percalços pela extensa fase de preparação
iniciada no dia 21 de maio. Esse cenário não se repetia desde 1990,
quando já era frequente. É verdade que houve dois sustos, mas de
pequena proporção. A fase foi tão boa na parte médica que Luís Fabiano
e Kaká se recuperaram de problemas musculares. Clinicamente estão
prontos.
Assim que os treinos com bola começaram para valer, já em território
sul-africano, a seleção tirou o pé. O cuidado foi grande. Jogadores
admitiram uma cautela triplicada em treinamentos e amistosos. “É uma
questão de inteligência”, alegou Felipe Melo. Duas discussões entre
atletas brasileiros após disputas mais duras mostraram o tamanho da
preocupação. Funcionou.
Dunga, assim, tornou-se um privilegiado. Não precisou fazer nenhuma
mudança na lista inicial dos 23 convocados. Tamanho sossego aconteceu
pela última vez em 1990, na Itália, quando o hoje treinador disputou
sua primeira Copa. O então técnico Lazaroni contou com quem gostaria do
início ao fim. A nova era Dunga repete a primeira versão.
Os cortes que nos últimos anos vitimaram Edmílson (2006), Émerson
(2002), Romário, Flávio Conceição e Márcio Santos (1998) e Ricardo
Gomes (1994) não tiveram sequência na África do Sul. Não foram
registradas nem mesmo doenças respiratórias previstas devido ao frio de
Johanesburgo. “Não tivemos nenhum problema, ninguém ficou mal. O
trabalho de prevenção funcionou”, atestou o médico José Luís Runco.
O marasmo médico só não foi maior por culpa de dois sustos. No
primeiro, Julio Cesar tomou uma pancada nas costas no amistoso contra o
Zimbábue, foi substituído e perdeu alguns treinos. Runco desde o início
assegurou que não era grave. “Passei para o setor médico que com uns
três dias de tratamento eu ficaria legal. Fiz um belo trabalho de
recuperação. Estou zerado”, disse o camisa 1.
O outro que fez Dunga se preocupar foi Michel Bastos. Uma torção no
tornozelo direito o forçou a sair mais cedo de um treino. Nada
ameaçador. “Estão todos liberados e sem problemas clínicos”, completou
Runco.
Outra dupla que recebeu atenção especial conheceu um final feliz.
Luís Fabiano e Kaká se apresentaram com lesões musculares. Fizeram
fisioterapia, iniciaram os treinos no campo depois dos demais, mas
estão recuperados. Condicionamento físico e parte técnica, porém, ainda
não estão 100%. Mas esse é outro problema. Questão de tempo, segundo
Dunga.
“Não sei quanto tempo vou aguentar amanhã. Espero que o tempo todo”,
comentou Kaká. “O 100% da minha vontade o Brasil vai ter sempre. Fiz
todo o possível para me recuperar”, emendou o camisa 10.
A partir desta terça-feira, às 15h30 (de Brasília), a hora de tirar
o pé acaba. Quando a bola rolar para o duelo de estreia diante da
Coreia do Norte, no estádio Ellis Park, em Johanesburgo, será para
valer.

Nenhum comentário:
Postar um comentário