O acordo assinado entre o Irã, a Turquia e o Brasil, para troca de urânico pouco enriquecido por combustível nuclear, não transformou a crise que já se arrasta há anos.
Primeiro, o próprio Irã tratou de colocar os pingos nos is: Teerã deixou claro que o acordo desta segunda-feira, comemorado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como uma "vitória da diplomacia", não altera a questão central: o Irã continuará enriquecendo urânio dentro do seu território.
O acordo foi um sinal de boa vontade, que pode evitar novas sanções da ONU contra o país e levar a novas negociações entre o regime iraniano e o grupo que reúne os membros permanentes do Conselho de Segurança e a Alemanha. Mas uma solução para o principal impasse está longe de ser alcançada no curto prazo.
As potências ocidentais já deram a sua reação aos esforços brasileiros e turcos: apesar do acordo, continuarão mantendo a pressão por novas sanções contra o Irã, por não confiarem no regime dos aiatolás. Querem que o Irã cumpra o que o Conselho de Segurança da ONU já determinou: que suspenda o enriquecimento de urânio em seu território.
Brasil e Turquia conseguiram um avanço considerável, mas o poder principal nas relações internacionais continua nas mãos das potências tradicionais.
É verdade que Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China, apesar do seu poder de veto, precisam de votos de outros membros rotativos do Conselho de Segurança, grupo que hoje inclui Brasil e Turquia.
Mas, se órgão da ONU acabar votando em favor de novas e mais duras sanções contra o Irã, o entusiasmo demonstrado pelo governo brasileiro nesta segunda-feira terá vida curta. A iniciativa diplomática do Brasil pode acabar expondo os limites da sua influência internacional.
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