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O Irã continuará a enriquecer urânio a 20%, suficiente para produção de isótopos médicos em seus reatores, mesmo após a assinatura do acordo de troca de urânio pouco enriquecido por combustível nuclear. O anúncio deve fortalecer o ceticismo do Ocidente e dar mais argumentos para as potências que insistem em nova rodada de sanções contra o programa nuclear iraniano.
O Irã começou a enriquecer urânio a 20% no último dia 9 de fevereiro, após o fracasso do acordo proposto pelas potências, em outubro de 2009, para a troca do urânio iraniano enriquecido a 3,5% por urânio a 20%, enriquecido em solo exterior.
O enriquecimento incitou uma campanha dos Estados Unidos por uma quarta rodada de sanções contra o Irã no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). EUA têm apoio do Reino Unido, França e Rússia, mas ainda enfrenta a resistência da China.
"Não existe relação entre o acordo de troca e nossas atividades de enriquecimento [...] Vamos continuar nosso trabalho de enriquecimento de urânio a 20%", disse Ali Akbar Salehi, diretor da Organização de Energia Atômica do Irã.
O porta-voz do Ministério iraniano das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, também afirmou que o país mantém seu programa de enriquecimento de urânio.
O acordo assinado pelo Irã sob mediação do Brasil e da Turquia determina que o Irã envie 1.200 quilos de seu urânio enriquecido a 3,5%, em troca de 120 quilos de urânio enriquecido a 20% na Rússia ou França --muito abaixo dos 90% necessários para uma bomba. O urânio enriquecido seria devolvido ao Irã no prazo de um ano.
A troca acontecerá na Turquia, país com proximidades com Ocidente e Irã, e sob supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e vigilância iraniana e turca.
Os presidentes Mahmoud Ahmadinejad e Luiz Inácio Lula da Silva, e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, decidiram enviar a proposta no prazo de uma semana para a a avaliação da AIEA.
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