Cleuza Maria da Silva teve 3 filhos na estrada,um deles é Isabela,com 7 meses,no colo da tia
Atarde
A dificuldade de transitar pelos 24 km de buracos e areia entre os municípios de Malhada de Pedras e Guajeru, a 689 km de Salvador, fez da rodovia BA-148 uma “estrada-maternidade”. Conforme dados da Secretaria Municipal da Saúde de Guajeru, por causa do limite de velocidade estabelecido em até 20 km/h, nos últimos 15 anos foram registrados 92 nascimentos de crianças nessa rodovia– média de 6 por ano.
Transportadas em ônibus, ambulâncias, motos ou carros particulares, mulheres da sede e da zona rural, em trabalho de parto, não suportam a demora em chegar ao hospital mais próximo – a 70 km de distância. Os casos se tornaram tão rotineiros que motoristas de ambulância a serviço da prefeitura ou da Secretaria Estadual da Saúde estão acostumados em ajudar em partos.
Um deles é Samuel Ferreira de Souza, 66, que auxiliou nove deles e carrega um “kit-parto” no porta-luvas do carro. Recorda de todos, mas o que disse tê-lo emocionado foi o primeiro. “Era um menino lindo. Ele nasceu em meus braços, dentro da ambulância. Jamais vou esquecer esse dia”. Uma das mães que viram os filhos nascerem na estrada foi a dona de casa Cleuza Maria da Silva, 41 anos. Foram três, num espaço de 12 anos. “O primeiro não resistiu ao parto e morreu dias depois”, conta a mulher.
No nascimento mais recente, a dona de casa e a filha por pouco não morreram devido aos solavancos do veículo e à falta de pessoal especializado. “Foi a ajuda do motorista, da minha irmã e, acima de tudo, a mão de Deus que me valeram naquela hora”, recorda Cleuza. “Estou nesta atividade há 18 anos e sempre que transporto mulheres grávidas tenho uma história a contar”, conta o motorista Edno Canguçu da Silva, 37.

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